Será um evento histórico para a cultura brasileira e para o
diálogo com a Itália. Depois de mais de um século que o compositor Antônio
Carlos Gomes brilhou na terra de Dante Alighieri, Leonardo Da Vinci e
Michelangelo, um elenco de artistas brasileiros estará em exposição coletiva em
Roma com a curadoria de Ligia Testa e Sandra Setti. “Arte Senza Confini”, ou
“Arte Sem Fronteiras”, será o destaque de 9 a 19 de setembro na Galleria La
Pigna, uma das mais importantes da capital italiana. No ano em que o Brasil
lembra o centenário da Semana de Arte Moderna, que promoveu uma grande reflexão
sobre as raízes culturais nacionais. Entre elas, o inigualável legado artístico
italiano para a humanidade.
“Arte Senza Confini”
vai apresentar toda a diversidade das artes plásticas brasileiras
contemporâneas e o espaço não poderia ser mais representativo. A Galleria La
Pigna, localizada na Via della Pigna,13a (Palazzo Maffei), Roma, é, desde 1966,
um importante espaço aberto a eventos e iniciativas culturais de membros e convidados
especiais, local ideal para os artistas projetarem sua arte.
Os artistas plásticos que exporão na Galleria La Pigna se
destacam com diferentes técnicas de expressão. São eles: Amin, Ana Goulart,
Cristiane Maschietto, Di Miranda, Duda Clementino, Edoardo Pacelli, Eliete
Tordin, Eunice Khoury, Fabio Marinho, Flávia Pircher, Gisele Faganello,
Herivelton Silva, JB Lazzarini, Josie Mengai, Karol Coelho, Lídia Madeira,
Paula Macedo, Paula Pimenta, Rosa Dos Anjos, Stephen Linsteadt, Tânia Martins,
Tiago Marques, Valéria Pinheiro e Vitória Bazaia. O objetivo é mostrar um pouco
da diversidade da arte contemporânea por meio de pinturas, desenhos, fotos e
esculturas, de variadas tendências e estilos.
Em seu site, a Galleria narra a interessante criação, destacando
o empenho de um jovem muito especial para sua formação. “Quando a guerra
acabou, a Itália era um país em preto e branco: por um lado, pobreza e fome,
por outro, o desejo de reconstruir não apenas casas e cidades, mas também
almas. Desde o tempo do seminário, ou seja, desde a década de 1920, o Monsenhor
Giovani Battista Montini, futuro Papa Paulo VI, era um jovem de cultura,
jornalista e amante da arte.
Com esse pano de fundo, ele foi capaz de encorajar a
formação de uma associação de artistas em Roma após a guerra. Eram músicos,
arquitetos, pintores, escultores. E foi da capital que veio aquele impulso
robusto para reavivar as almas e animar a relação entre igreja e arte”.
No Palazzo Maffei Marescotti do século XVII, entre o Panteão
e o Largo Argentina, cercado por testemunhos artísticos de tirar o fôlego, os
artistas puderam expor suas obras e lidar com o presente e o passado por meio
de encontros, conferências e convenções. Nomes importantes como Severini,
Fazzini, Camilucci, Messina se fizeram notar. Dois anos antes, em maio de 1964,
o Papa Paulo VI havia celebrado sua memorável missa para artistas na Capela
Sistina.
Segundo as curadoras, ambas de nacionalidade
ítalo-brasileira, a oportunidade de apresentar obras de artistas que vivem no
Brasil, em Roma, vincula ainda mais a ligação entre os dois países. Sandra
afirma que “os laços que nos prendem aos italianos são profundos, carinhosos e
consistentes.
Grande parte da população brasileira tem raízes italianas e
a sedimentação deste apreço encorpa ainda mais o projeto”. Para Ligia, “a arte
é o que salva o mundo no caos, como ficou provado mais uma vez na recente
pandemia; e ela não pode admitir fronteiras, todas as portas devem estar
abertas para a arte, sua linguagem é universal”.
Ligia Testa
Apaixonada pela estética, pelo design, pela moda, com uma
perene imersão no mundo da criação, Ligia Testa vive o universo artístico 24
horas por dia. Pincéis, argila, linhas, fios, telas, câmeras. As texturas das
artes atravessam o seu cotidiano. Ela transforma em melodia o material
criativo, seja nas exposições individuais que promove, seja nos eventos com
múltiplos autores que adora produzir.
Entre outros eventos culturais, realizou o Arte Múltipla,
envolvendo arquitetura, patrimônio histórico, decoração, pintura, escultura,
música e dança, tendo como cenário especial a histórica Fazenda Atibaia, no
distrito de Sousas. Outro evento com a sua marca de ousadia foi a antológica
exposição Doris Homann – A pintura da condição humana, que apresentou na
galeria Arqtus – Ligia Testa a obra única, singular, da artista alemã radicada
no Brasil.
Sandra Setti
Sandra Setti tem uma trajetória de mais de 40 anos nas artes
plásticas, somando mais de 500 exposições no Brasil e vários países. Foi por
exemplo gestora do Espaço Cultural Canvas, do Hilton São Paulo Morumbi (SP),
onde expôs o trabalho, entre outros, de Manabu Mabe, Aldemir Martins, Gustavo
Rosa, Gerchman (in vita) Antonio Peticov, Adelio Sarro, Yugo Mabe, Fukuda,
Toyota, David Dalmau, Romero Britto e Caciporé Torres, entre mais de 150
artistas que passaram pelo espaço, na centena de exposições.
No exterior, entre outros trabalhos, Sandra Setti participou
por dois anos da Feira de Arte em NY Jacob K. Javitz. Foi igualmente curadora
pelo Estado de São Paulo do College Art, onde artistas emergentes apresentam
seus trabalhos em embaixadas brasileiras, contabilizando mais de 30 eventos.
Também expôs no Carroussel do Louvre, com a curadoria das obras de Sebastião
Mendes, produziu a exposição “Contrastes”, na Austrália, e foi curadora, por
dois anos, de todas as obras brasileiras da galeria KASA, na Alemanha.
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